Que Saudades, Mãe Querida!

By Grace Spiller

 

 

Choro hoje a dor do ontem,

do que foi sem nunca ter sido,

dos beijos e abraços não dados,

do acolhimento não reconhecido.

 

A brancura dos teus cabelos raros,

a memória falha, o olhar ingênuo,

o sorriso que, alegre, se abre

para as fotos enfeitar.

 

Ah, minha mãe, minha querida mãe!

 

À distância, de coração contrito,

prenhe de saudades e afeto,

anseio o momento do abraço

e de ver teu sorriso bem de perto.

 

O tempo se arrasta, e me assusta pensar

que, embora em meio às gentes,

sozinha te sentes,

sem saber aonde estás...

 

Então, eu choro.

 

Só não sei se choro a tua ou a minha dor;

se me assustam os efeitos da tua

ou da minha velhice;

se me dói a tua ou a minha solidão...

 

E, nesse emaranhado de sentires,

só sei que a dor que choro dói fundo,

pois vem do coração!

 

 

* Escrito em meados de 2024, antes de poder

vê-la, o que só ocorreu em novembro do mesmo ano.

Infelizmente, ela veio a óbito em abril/25.

 

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